Brasiliana

Racismo / dossier / Septiembre de 2020

Edimilson de Almeida Pereira

Español

1.

Os camaradas, Drummond, não disseram que havia uma guerra mas, apesar do oceano, os mortos anônimos nos pertenciam. Não disseram da guerra aqui, à distância da mão que dispara. O Brasil é um reduto de esqueletos, uma vez brancos não revelam quem foram antes. Os descarados alugam câmeras para montar o país que samba e aniquila.

2.

O Brasil foi formado por três raças e outras tantas premissas falsas. A lei que pune é punho de seda aos ricos. E nós, os punidos, não desejamos senão o que construímos. O que nos mata além da miséria violência cinismo é a covardia e seus sinônimos: traição, doença, o inferno que Dante não previra.

3.

O Brasil estirado nas ruas engordou senhores, puliu suas ventosas. O país horizontal que assusta o turista vira estética no cinema. Mas ali, entre a violência, o lixo e quem passa depressa, a linguagem persiste. Uma litania de pobres, uma advertência, Cruz e Souza diria.

4.

A elite ainda envergonha o país. O que ilude é o que demite, dia-a-dia antigos males são piorados. Antologias brasileiras têm que exibir pássaros, além da poesia. Novelas para distrair Itália e Espanha valem pelas mulheres e paragens. Entre seios e bromélias antigos males são piorados. Apesar desse calendário, nos faremos para sentenciar à Mário de Andrade: remate de males.

Imagen de portada: Jean-Baptiste Debret, Carnaval de Rua Prancha, 1834. Dominio público